22 de abr. de 2017

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL) e Conselho Federal de Medicina (CFM) vêm a público se manifestar a respeito do risco de suicídio em jovens.


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A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL) e Conselho Federal de Medicina (CFM) vêm a público se manifestar a respeito do risco de suicídio em jovens.

Nos últimos dias, “jogos” praticados por usuários da internet, os quais envolvem tarefas cujo ato final inclui a tentativa de suicídio, têm sido destaque na mídia e motivo de grande preocupação para pais, educadores e profissionais de saúde. No entanto, os acontecimentos atuais apenas trouxeram à luz um grave problema de saúde pública, ignorado por muitos, mas motivo de preocupação e trabalho contínuo da ABP e de suas federadas. O suicídio, há anos, é a segunda causa de morte em jovens dos 15 aos 29 anos de idade. Em mulheres, é a principal causa de mortalidade na faixa etária dos 15 aos 19 anos. Apesar de ser o desfecho trágico de um conjunto de fatores – é equivocado e simplista associar o suicídio a uma única causa – estudos mostram que mais de 90% das vítimas apresentavam pelo menos um transtorno psiquiátrico, especialmente a depressão, considerada o principal fator de risco para o suicídio. Embora faça parte da adolescência, a formação de grupos com símbolos e rituais em comum merece cuidado e atenção quando práticas abusivas e/ou danosas para si ou terceiros são compartilhadas. De fato, a participação do jovem nesses grupos, reais ou “virtuais”, pode indicar uma vulnerabilidade prévia a atos impulsivos, além da presença de sintomas depressivos.

Mudanças bruscas de comportamento, isolamento social e abandono de atividades prazerosas, tristeza persistente, alterações do sono e apetite, queda no rendimento escolar, lesões sem explicação aparente (sugerindo autoagressão) e mensagens que caracterizam desesperança, despedida ou com conteúdo de morte nas mídias sociais, são um sinal de alerta e não podem ser negligenciadas. Pais, escolas e profissionais de saúde devem estar atentos e capacitados para identificar as transformações que apontam para condutas de risco. É comum que esses adolescentes, fragilizados pela doença psiquiátrica, como depressão, transtorno de estresse pós-traumático ou abuso de substâncias, ao procurar na internet informações que o ajudem a entender o que estão sentindo, entrem em contato com conteúdo não apenas inadequado, como também criminoso. Especial atenção deve ser dada aos adolescentes que sofreram maus tratos na infância (incluindo negligência, abuso emocional e sexual), vítimas de bullying e violência, além daqueles que apresentem automutilação e, principalmente, história prévia de tentativa de suicídio.

A Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL) e Conselho Federal de Medicina (CFM) orienta, tanto aos meios de comunicação, quanto à sociedade em geral, que quaisquer intenções de propagação de descrições pormenorizadas dos métodos utilizados pelas vítimas, bem como a divulgação de fatos e cenas chocantes, sejam substituídas por informações responsáveis, que reforcem e disseminem o conhecimento associado à prevenção do suicídio. Em meio a todas essas notícias alarmantes, a ABP gostaria de passar uma mensagem de esperança: a grande maioria dos suicídios são evitáveis. Embora pensamentos de morte e de suicídio sejam relativamente frequentes em pessoas passando por problemas difíceis, a imensa maioria das pessoas encontra formas mais adequadas de lidar e superar os problemas. O enfrentamento dos problemas, a busca de apoio em familiares, amigos, grupos sociais como os religiosos e a procura de ajuda junto a profissionais de saúde estão entre as estratégias de um enfrentamento bem sucedido. Dentre as estratégias de prevenção, a identificação e o tratamento dos transtornos psiquiátricos são as mais eficazes. Nessa perspectiva, dois aspectos são fundamentais: 

1) a disponibilidade de uma assistência integral à saúde mental, que envolva todos os níveis de atendimento, da atenção primária a leitos psiquiátricos de internação durante a crise para o atendimento de casos graves; 

2) o combate ao estigma em relação aos transtornos psiquiátricos, certamente a principal barreira entre a desesperança causada pela doença e a busca por ajuda.

Em relação ao combate ao estigma, é importante ressaltar: é uma ação vital, que está ao alcance de todo cidadão. Reforçamos nosso compromisso perante a sociedade para auxiliar na disseminação do conhecimento e de estratégias eficazes para a prevenção do suicídio. Nesse sentido, recomendamos o manual elaborado pela ABP e dirigido à imprensa: “Comportamento suicida: conhecer para prevenir” da ABP 

Brasília, 21 de abril de 2017

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