13 de mar. de 2017

Justiça - acolher e ampliar a voz da mãe de Dandara

No clarão do dia nenhuma mão impediu o apedrejamento brutal. Areia, terra, sangue, argamassa dos obreiros do ódio que nem se deram ao obséquio de se esconderem. Sem culpa, remorso ou vergonha colocaram no holofote o horror de seus atos. 



“Açoitaram minha filha, governador. Fizeram tanta coisa ruim com ela... Eu não tive coragem de ver, mas me contaram tudo. O senhor sabia que o sangue dela escorria pelo rosto, e ela ia limpando com a mãozinha assim? Minha maior dor é que ela chamou por mim. Enquanto batiam nela, ela dizia: ‘Eu quero minha mãe. Cadê a minha mãe?’ E eu não estava lá”.
“Será que foi uma missão que Deus deu para minha filha? Dela ser sacrificada para ter essa repercussão internacional toda e mudar essa situação?”, perguntou. “Desculpe por eu estar chorando, governador, mas eu não consigo parar de chorar”.
(via Émerson Maranhão)  
Francisca Ferreira, mãe da travesti Dandara dos Santos – brutalmente assassinada no dia 15 de fevereiro em reunião no Palácio da Abolição.

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