30 de set. de 2011

2ª Audiência Pública da Comissão Especial que está analisando o PL 7672/10–Educação sem o uso de castigos corporais



Prezados parceiros,

Escrevo para compartilhar com vocês que a 2ª Audiência Pública da Comissão Especial que está analisando o PL 7672/10 - EDUCAÇÃO SEM USO CASTIGOS CORPORAIS foi agendada para o dia 5 de outubro (quarta-feira), na Câmara dos Deputados, às 14h30, no Anexo II, Plenário 16.
A Audiência Pública contará com a participação de representantes das seguintes organizações:
ABMP - Associação Nacional de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude;

ANCED - Associação Nacional dos Centros de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente;

FNDCA - Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente; e,

SBP - Sociedade Brasileira de Pediatria.
Temos certeza de que a sociedade civil organizada contribuirá em muito para o debate, apresentando informações sobre a gravidade do problema, os efeitos negativos dos castigos físicos e tratamento cruel e degradante no desenvolvimento das crianças e adolescentes, a necessidade de reconhecer a criança e o adolescente como sujeitos de direitos e garantir sua integridade física em todos os ambientes de cuidado, educação e proteção, entre outros.
Seguimos mobilizados para essa importante discussão e gostaríamos de contar com a participação de todos vocês.
Abraços,
Marcia Oliveira
Rede Não Bata Eduque

Jovem que denunciou pai por abuso diz à polícia que mãe tentou agredi-la

 

“Eu não quero ser igual à minha mãe e fingir que nada aconteceu. Eu quero tomar uma atitude, ser honesta comigo mesma, mostrar para todos quem ele é”. Frase da filha que fez a denúncia contro o pai.

 

“ (...) já atendi muitas crianças, adolescentes e mulheres que sofreram violências. Essas pessoas me ensinaram muito sobre os seus sentimentos em relação à violência sofrida. Elas sentem raiva, ódio de quem as machucaram e humilharam. Mas um outro sentimento as atormentam demais: a magoa. Elas sentem uma magoa profunda de quem elas confiavam e amavam, mas que nunca as protegeram de verdade. Ou seja, se existe alguém que fere o outro, existem sempre muitos que não impediram que essa ferida fosse aberta. Se queremos ajudar as vítimas, só tem um caminho: não ser também cúmplices das violências, não negligenciar o sofrimento do outro” . Cida Alves, 2011

 

Filha denuncia advogado por abuso sexual em Bauru, SP

Jovem contou ter sofrido abusos entre os 8 e 16 anos.
Cunhada e sobrinha do suspeito também o denunciaram.

Mãe teria tentado agredir filhos ao saber de denúncia.
Polícia informou que pedirá prisão preventiva do casal de Bauru, SP.

29 de set. de 2011

Veja ensaio da OSB para homenagem à Legião Urbana no Rock in Rio

 

Queria estar lá hoje à noite!

 

 

 

Sempre tive uma grande dificuldade de gravar letras de música, mas essas eu sei de cor.

 

A apresentação abre o Palco Mundo nesta quinta-feira (29).
Show terá Herbert Vianna, Dinho, Pitty, Toni Platão e Rogério Flausino.

“Perto do aniversário de 15 anos da morte de Renato Russo, o Rock In Rio fará uma grande homenagem à banda Legião Urbana. Importantes nomes da música nacional se encontrarão no principal palco do evento. Rogério Flausino, Toni Platão, Pitty, Herbet Vianna, Dinho Ouro Preto, o baterista Marcelo Bonfá e o guitarrista Dado Villa-Lobos serão acompanhados pela Orquestra Sinfônica Brasileira”. (fonte: G1 em 29 de setembro de 2011)

Set List previsto (informação da Assessoria de Imprensa)

1) Medley com vários sucessos (apenas a Orquestra)
2) Tempo perdido (Rogério Flausino)
3) Quase sem querer (Rogério Flausino)
4) Quando o sol bater (Toni Platão)
5) Índios (Pitty)
6) Teatro dos vampiros (Marcelo Bonfá)
7) Será (Herbert Vianna)
8) Por enquanto (Dinho Ouro Preto)
9) Pais e filhos (todos os convidados)

Veja mais AQUI

28 de set. de 2011

Câmara inicia discussões sobre proibição de castigos corporais em crianças e adolescentes

 O Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), CNJ (Conselho Nacional de Justiça), CNS (Conselho Nacional de Saúde) e CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social) foram ouvidos nesta terça-feira (27) pela Comissão Temporária instalada para analisar o Projeto de Lei 7.672/2010, que proíbe a aplicação de castigos corporais em crianças e adolescentes. Essa é a primeira das seis audiências que devem ser realizadas até dezembro, data na qual devem ocorrer a apresentação do parecer final e a votação.
 
Participaram da audiência Clovis Adalberto Boufleur, coordenador da Comissão de Atenção Integral à Saúde da Criança, do Adolescente e do Jovem do CNS; Maria de Lourdes Magalhães, representante do Ministério da Saúde e Conselheira do Conanda; Carlos Eduardo Ferrari, presidente do CNAS; Daniel Issler, juiz auxiliar da presidência do CNJ; outros representantes de entidades voltadas ao assunto e deputados.
 
Para a deputada Teresa Surita (PMDB/RR), relatora do projeto, é contraditório que haja uma lei para proteger os maus tratos a animais e ainda não exista nenhum dispositivo para proteger as crianças e adolescentes da violência doméstica. “Precisamos nos preocupar com os avanços necessários para que nossos meninos e meninas sejam educados sem castigo corporal cruel ou degradante”, afirmou a parlamentar, citando o caso de Isabella Nardoni, que foi jogada do 6º andar do edifício London, em São Paulo, em março de 2008.
 
Para Carlos Eduardo Ferrari, este projeto é o pontapé inicial para a mudança de relação entre as pessoas. “O grande desafio é esclarecer essa lei de uma forma que a população compre essa idéia”, afirmou, acrescentando ainda que a aprovação e aplicação da medida podem significar uma nova perspectiva de educação.
 
PL 7.672/2010 - O projeto é de autoria do Executivo e acrescenta ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), entre outros, o artigo 17-A, que dá às crianças e adolescentes o direito de serem cuidados e educados pelos pais ou responsáveis sem o uso de castigo corporal ou de tratamento cruel ou degradante. 
 
Serão realizadas, até o final de novembro, seis audiências públicas para ouvir sobre o assunto especialistas, sociedade civil, governo e outras entidades.
 
Nenna Tyeko: (95) 9127-6950
Willame Sousa: (61) 9818-5303
Assessoria de Comunicação
Deputada Teresa Surita (PMDB-RR)

Audiência Pública convocada pela Comissão Especial que está analisando o PL 7672/2010.

 

Caros amigos e parceiros,

Tenho a satisfação de divulgar para vocês a realização da Audiência Pública convocada pela Comissão Especial que está analisando o PL 7672/2010.

Foram convidados os seguintes Conselhos para discutir o tema: CONANDA, CNAS, CNS E CNJ. Certamente os conselhos poderão contribuir muito para a discussão.

Vamos nos mobilizar e participar dessa importante discussão!

Abraços,

Marcia Oliveira

Rede Não Bata Eduque

 

Veja mais sobre a audiência

COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER AO PROJETO DE LEI Nº 7672, DE 2010, DO PODER EXECUTIVO, QUE "ALTERA A LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990, QUE DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, PARA ESTABELECER O DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DE SEREM EDUCADOS E CUIDADOS SEM O USO DE CASTIGOS CORPORAIS OU DE TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE"

54ª Legislatura - 1ª Sessão Legislativa Ordinária

PAUTA DE REUNIÃO ORDINÁRIA
DIA 27/09/2011

LOCAL: Anexo II, Plenário 16
HORÁRIO: 14h30min

Reunião Ordinária:

A) - AUDIÊNCIA PÚBLICA COM A PARTICIPAÇÃO DE REPRESENTANTES DOS SEGUINTES CONSELHOS:

 

  • CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente;

  • CNAS - Conselho Nacional de Assistência Social;

  • CNS - Conselho Nacional de Saúde; e,

  • CNJ - Conselho Nacional de Justiça; e,
    TEMA: Discussão sobre a prática dos castigos corporais ou de tratamentos degradantes empregados na educação de crianças e adolescentes no nosso país.

  • B) Deliberação de requerimentos.

  • 25 de set. de 2011

    Representante da Rede Não Bata Eduque comemora o sucesso do VII Seminário Gente Crescente

    Olá todos,
     
    Escrevo para compartilhar com você o sucesso do VII Seminário Gente Crescente - Saúde Mental na Infância: seus desafios no contexto da violência, iniciado em 22 de setembro de 2001.
    Participamos da conferência de abertura com o tema "Bullying e Palmada: Lei e repercussões psicosssociais na saúde mental da criança"
    Destaco a qualidade do trabalho realizado e da qualificação dos profissionais do CAPSi Agua Viva - organizador do evento e da parceria de Cida Alves - blog Educar sem violência, com quem dividimos a conferência de abertura.
    Com o apoio do Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Goiás - deputado Mauro Rubem , agendamos para o dia 9 de novembro uma audiência publica sobre o PL 7672\2010 na Assembléia Legislativa de Goiás.


    Abraços,
    Marcia Oliveira
    Rede Não Bata Eduque


    Abertura oficial do VII Seminário Gente Crescente – CAPSi Água Viva


    Em nome da comissão organizadora do seminário, a psicóloga Isabel Ferradans fez o pronunciamento de abertura
     
    No bullying e no castigo físico: onde falhou a possibilidade das palavras?
    Várias áreas da sociedade se dedicam a compreender e trabalhar com os impasses e consequências gerados pelo bullying e pelo castigo físico que podem imprimir marcas psíquicas e no corpo, talvez pela vida toda.
    Na saúde mental, percebem-se crianças que apresentam sofrimento psíquico derivados dessas experiências de vida. Outras crianças que não estão diretamente envolvidas nessas situações mas que falam , solidariamente, da indignação por assistir a essas experiências entre crianças ou entre criança e adulto. Crianças que referem, muitas vezes, que o adulto mais próximo não deu sinais de que poderia protegê-la e ao outro ou ser um intermediário na mediação do conflito”.
    (fragmento do pronunciamento de abertura do VII Seminário Gente Crescente – abaixo o texto na integra)
     
    A mesa de abertura contou com o pronunciamento de Cheila Marina Lima – representante da Área Técnica de Vigilância em Violências e Acidentes do Ministério da Saúde, Márcia Carvalho - representante do prefeito Paulo Garcia, Deputado Mauro Ruben – presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Goiás, Cristina Laval – coordenadora da Atenção Básica da Secretaria Municipal da Saúde de Goiânia, Luzia Olivera – representando o conselho local do CAPSi Água Viva.
     
    Autoridades presentes:
    Darci Accorsi – Assessor Parlamentar da Prefeitura de Goiânia;
    Adriana Accorsi – Superitendente de Direitos Humanos da Secretária de Segurança Pública e Justiça de Goiás,
    Railda Martins e Lucinete Oliveira – representantes da Rede de Atenção a Crianças, Adolescentes e Mulheres em Situação de Violência de Goiânia
    Cida Alves iniciou sua exposição argumentando por que o tema da violência física contra crianças e adolescentes deve estar no centro das discussões sobre a saúde mental e os direitos de crianças e adolescentes: 
     
    Justificativas:
    1) Dentre as violências domésticas sofridas por crianças e adolescentes, a violência física é a que apresenta maior frequência de notificação;
    2) A maioria dos casos notificados de violência doméstica tem como principal autor da violência os próprios pais biológicos. A violência que afeta as crianças e adolescentes brasileiros ocorre predominantemente na relação familiar;
    3) A violência física resulta em casos graves e de alta letalidade. O número de mortes decorrente da violência física predomina em relação às outras formas de violência (AZEVEDO; GUERRA, 1995);
    4) Mais naturalizada dentre as violências intrafamiliares ;
    5) A violência física intrafamiliar como método punitivo disciplinar, aliada a violência psicológica, é um dos instrumentos chaves para a edificação e manutenção da sociabilidade estruturada na relação Comando-Obediência/Dominação-Subordinação.
     

    Márcia Oliveira apresenta os marcos legais – Nacionais e Internacionais que sustenta o Projeto de Lei 7672/2010.
    Expõe o histórico do movimento internacional que luta para erradicar dos castigos físicos e humilhantes nos abrigos, nas escolas, nas instituições penais e na família.
    Por fim, apresenta resultados de pesquisas que indicam as consequências negativas da prática de bater e humilhar para disciplinar e educar as crianças e adolescentes.

    A vinda de Márcia Oliveira à Goiânia resultou em bons frutos. Foi agendado para a manhã do dia 09 de novembro uma audiência pública na Assembléia Legislativa do Estado de Goiás para tratar do Projeto de Lei 7672/2011.
     
    Foi agendado ainda para o dia 08 de novembro um curso de capacitação para os profissionais do Condomínio Sol Nascente sobre as estratégias positivas de educação. Essa instituição abriga crianças e adolescentes na cidade de Goiânia. A psicóloga Cida Alves e o educador físico Orozimbo Júnior serão os facilitadores desta capacitação.
     
    Veja abaixo o pronunciamento Oficial do VII Seminário Gente Crescente – CAPSi Água Viva/SMS Goiânia
     
    Abertura do Evento
    Isabel Ferradans (*)
    Agradecemos, aos Gestores do CAPSi Água Viva - Cláudio, Taísa e Fabrício - pelo apoio recebido mais uma vez para a realização deste evento que é resultado de um ano de trabalho desenvolvido em paralelo com o atendimento diário dentro da unidade.
     
    Nestes sete anos desta iniciativa pioneira em Goiânia, dentro da Secretaria Municipal de Saúde, a aceitação do público se revela pelo desempenho positivo quanto ao número de participantes (média de 250/ano), pelas avaliações escritas, pela repercussão das apresentações após o evento. Os convidados para as palestras são nomes relevantes e que atuam no campo da intersetorialidade, eixo fundamental da complexa área da saúde mental infanto-juvenil. Um aspecto diferencial é que pais e responsáveis são convidados para relatar suas experiências e há o Fórum A Hora e a Vez com as crianças e adolescentes. 
     
    Nesse sentido, o evento cumpre um de seus objetivos que é fortalecer a Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente no que se refere ao reconhecimento das demandas da população e à apresentação dos trabalhos realizados pelas famílias, entidades, instituições e serviços voltados para essa demanda. Colabora com a visibilidade das ações apoiadas nas diretrizes das políticas públicas e do controle social preconizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
    Hoje e amanhã, os convidados vão apresentar estudos, propostas e iniciativas cujo eixo são as formas de lidar com as relações humanas que envolvem o bullying e os castigos físicos e que estão presentes na vida de muitas crianças.
     
    Formas de relacionamento cuja radicalidade precisa ser avaliada em sua dimensão biopsicossocial e em sua dimensão quanto aos Direitos Humanos. No tema do bullying, qual será o limite entre uma brincadeira de mau gosto e uma violência? No tema do castigo físico, porque a agressividade chegou a sua expressão máxima?
     
    No bullying e no castigo físico: onde falhou a possibilidade das palavras? 
     
    Várias áreas da sociedade se dedicam a compreender e trabalhar com os impasses e consequências gerados pelo bullying e pelo castigo físico que podem imprimir marcas psíquicas e no corpo, talvez pela vida toda.
     
    Na saúde mental, percebem-se crianças que apresentam sofrimento psíquico derivados dessas experiências de vida. Outras crianças que não estão diretamente envolvidas nessas situações mas que falam , solidariamente, da indignação por assistir a essas experiências entre crianças ou entre criança e adulto. Crianças que referem, muitas vezes, que o adulto mais próximo não deu sinais de que poderia protegê-la e ao outro ou ser um intermediário na mediação do conflito. 
     
    Discutindo essa temática para organização do evento, a equipe do CAPSi Água Viva, lembrou-se de uma querida colega que perdemos há um ano, Cláudia Sena. Uma grande saudade permanece em nossos corações e daqueles atendidos por ela.
     
    Com essa memória viva, pensamos em Cláudia e na dimensão humana envolvida no seu trabalho cotidiano com crianças, adolescentes e familiares. Penso na importância das palavras e dos gestos, valorizados por ela.
     
    O poeta nos diz que as palavras precisam ser habitadas pois são frias e vazias quando não há gente por dentro. Os gestos também precisam ter gente por dentro.
     
    Assim, a partir da lembrança de Cláudia e de seu trabalho e das conversas em equipe, divido com vocês algumas questões:
     
    Alguns dizem que nós, adultos, corremos o risco de ser uma espécie em extinção. Que estamos muito identificados com crianças e adolescentes na forma de enfrentar a vida.

    Caso seja assim, como preservar nossa espécie? Qual o nosso lugar?
     
    Precisamos nos apresentar de outra forma, transformando a maneira como comparecemos nas situações onde aparecem as vulnerabilidades como no caso do bullying e do castigo físico das crianças?
     
    Como podemos ter maior atenção com gestos e palavras na relação com as crianças? Como colocar gente crescente dentro das palavras e dos gestos nos momentos de conflito? Nos momentos em que somos convocados a lidar com a diversidade e a autoridade? 
     
    Durante o VII Gente Crescente iremos trabalhar com essa complexidade, com os vários fatores que estão presentes em nossa rotina com as crianças. Vamos pensar juntos e buscar sentido para essas expressões que machucam ou rompem com as relações humanas e estão na raiz da violência presente na sociedade.
     
    E, possivelmente, encontrar sinais para criar novas experiências e fortalecer outras tantas que já existem no trabalho institucional ou dentro das famílias e que tem como objetivo a atenção e o cuidado dirigido às crianças e à preservação da nossa espécie pois , com certeza a criança precisa do adulto desde antes de seu nascimento.
     
    Obrigada!
    Goiânia, 22 de setembro de 2011.
    (*) Especialista em Saúde Mental, Psicóloga Clínica.
    Texto apresentado na Abertura do VII Gente Crescente, evento realizado pelo CAPSi Água Viva, unidade da Secretaria Municipal de Saúde. (Goiânia)

     
    Veja ainda boletim da Rede Não Bata Eduque – julho e agosto de 2011

    24 de set. de 2011

    Menino David, durma com minhas lágrimas!



    Cida, o que mais me causa dor é pensar nesse menino; o que estamos fazendo com nossas crianças? Desaprendemos a cada dia cuidar, amar e educar nossas crianças.

    Isso só sinaliza o nosso descompromisso com a infância e adolescência. O que é isso que insistimos em denominar? Penso ser urgente tomarmos consciência dos rumos que nossa sociedade está tomando e que, quem conduz esse processo somos nós.

    É preciso aprender a viver melhor, a conviver com as diferenças e delas nos aproximar sem a intenção de promover violência. Lamento profundamente a morte dessa criança, lamento, não menos, todo o processo que a levou a tal fim.

    Menino, durma com minhas lágrimas e perdoe-me por estar nessa sociedade e não perceber os gritos calados de tantas outras crianças vítimas de violência.

    Que Deus o acolha e que sua causa possa ser vista como uma ponte para novos horizontes, de paz, de luz, de espaços sinceros de CONVIVÊNCIA. Vá em paz!

    Professora Sandra Lourdes
    Goiânia, 24 de setembro de 2011.

    As tempestades dos novos ventos - Márcia Torres Pereira

    "Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."

    Charles Chaplin
    em O Grande Ditador

    Cida, seu pequeno texto no blog me inspirou... Aliás seus temas vêm me "provocando" há tempos. Vai aí um texto de gente que se mete... no mundo para incomodar um pouco.
    As tempestades dos novos ventosPor Márcia Torres Pereira*
    O duplo caráter do progresso dos novos tempos, que sempre desenvolveu a idéia de um potencial de liberdade, promoveu a sua alienação.
    Essa é a grande tempestade que os novos ventos da liberdade provocaram. O aspecto humano de nossa cultura encontra-se tão distante do que é verdadeiramente humano com a nitidez de suas produções e com a naturalização das tempestades, que acabamos por acostumarmos com os novos ventos.
    Há uma "ventania" real capaz de não nos afetar, capaz de não significar nada. As tempestades são produzidas exatamente aí, onde nada mais parece afetar: reproduzimos tudo que a cultura nos apresenta, as cenas das novelas, os tais paradigmas por elas nos passado, as inovações, os modelos, as idéias, os comportamentos e a mais cara de todas as ações - a obediência a tudo isso.
    Sentimos medo de não sermos aceitos ao que a mídia nos apresenta e nos impõe. Essa é a grande autoridade, mutilando a essência humana, coerção substitutiva dos ensinamentos paternos, autoritarismo sedutor e alienante que nos cega e não nos faz perceber o quanto somos seus imitadores. Essa cegueira é a luz que confere a existência de uma sociedade de parasitas conformados, reproduzindo o arquétipo das ruínas arqueológicas das cidades destruídas pelas guerras em nome de um princípio que a tudo justificava, inclusive a própria vida.
    Sob a rudeza e a insensibilidade dos homens, reproduzimos a educação dos nossos filhos, dos nossos alunos, das crianças e não vemos o quanto somos manipulados pelas justificativas e ações que nos levam aos nossos próprios cárceres, os cárceres de nossa própria cegueira e de nossa falta de reflexão. Queremos tudo pronto, tudo fácil, não queremos pensar, refletir, somos submetidos à métodos de todas as formas e nem percebemos que somos conduzidos mecanicamente.
    Não observamos que somos levados por uma mão invisível que se estabeleceu sobre todos e sobre as nossas mentes. Aceitamos tudo passivamente. Se chegamos a achar algo estranho, logo vem o pensamento do controle cultural: "pare de viajar, o mundo é assim mesmo! Você vai poder mudá-lo? Aceita o que está aí. O mundo mudou! Pare de filosofar!" E assim, diante de tal constrangimento programável, nos calamos e não conseguimos mover.
    No depoimento feito pela diretora da escola da criança que cometeu o ato violento contra a professora e contra ela mesma, o registro feito pelos jornais é de que a criança era tranquila! Isso comprova o quanto não percebemos o outro, o quanto estamos debaixo de tempestades, sem saber. Precisamos acordar, despertar do sono e perceber que é emergente criar a nossa vida, inventar nossas subjetividades perdidas, tomar coragem diante de tais contingentes, deixar de ser como todo mundo, romper e resistir à indiferença.
    Deixar que nossas mentes possam realmente realizar a viagem da dúvida, do angustiante, da dor, da reflexão, de chorar nossa miséria interior que se congela a cada dia nos projetando a imagem enganosa de tudo "é assim mesmo". Façamos novos ventos, entendendo que cada vida é um altar para cada um de nós, para aplacar tempestades, construir bonanças... e trazer à existência a real concepção do sujeito.




    *Márcia Torres Pereira é professora e mestre em educação pelo Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da UFG.

    23 de set. de 2011

    Tragédia em escola: criança de 10 anos atira em professora e se mata

    Violência familiar, arma de fogo em casa e
    bullying: uma mistura explosiva e as vezes mortal.

    Semeamos ventos e colhemos tempestades!
    “Acredito que um dos motores que faz a roda do ciclo vicioso da violência girar é o consentimento dado por nossa sociedade às formas violentas de se resolverem as diferenças, os conflitos. O uso de violências físicas na educação e no cuidado de crianças e adolescentes tem perpetuado o ciclo vicioso de violência dentro da vida familiar. Os pais batem nos filhos; os filhos batem em seus irmãos e colegas de escola e de rua; depois, filhos e colegas batem em suas namoradas, parceiras e esposas, que por fim, também batem em seus filhos”
    ( Cida Alves, 2011).

    Violência gera violência

    Estudante que atirou em professora no ABC será enterrado nesta sexta


    Alvo de gozação
    David Mota Nogueira (10 anos) sofria bullying pelo fato de ser manco, segundo informações do Diário do Grande ABC. "O pessoal da sala dele zoava muito com a deficiência", disse Cayan de Castro Amorim, 14, aluno da escola, em entrevista ao jornal. (fonte: Yahoo notícias em 22 de setembro de 2011)


    Veja algumas pesquisas Nacionais

    1) Aprendizagem social da violência
    Uma pesquisa realizada em escolas públicas do município de São Gonçalo, Rio de Janeiro, evidenciou que a experiência de sofrer violência física intrafamiliar é freqüente entre os estudantes (ASSIS; DESLANDES, 2005). Os estudantes são vítimas de seus pais, o que demonstra que a prática de bater e apanhar continua uma forma habitual de resolver conflito nas famílias. Dentre os 1.600 adolescentes pesquisados, 27,7% informaram sofrer castigo físico severo da mãe, e 16,7%, do pai. Para as autoras, o fato de a mãe bater mais que o pai se justifica por ela passar mais tempo com os filhos e dedicar mais tempo e energia à sua educação.

    De acordo com os resultados dessa pesquisa, os jovens que sofrem violências intrafamiliares do tipo físico severo, psicológico e sexual são:
    • 3,2 vezes mais transgressores das normas sociais;
    • 3,8 vezes mais vítimas da violência na comunidade;
    • 3 vezes mais alvos de violência na escola do que os jovens cujo ambiente familiar é mais solidário e saudável (ASSIS; DESLANDES, 2004).
    As violências físicas descritas pelas pesquisadoras Assis e Deslandes (2005), do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge (Claves/Fiocruz) incluem as mesmas modalidades de agressões apresentadas por Straus (1979), acrescendo-se ainda o ato de queimar partes do corpo.
    Os castigos físicos menos severos, que ainda são naturalizados na cultura brasileira, foram citados por 53,9% dos alunos quando praticados pela mãe, e por 34,5% quando, provocados pelo pai. 
     
    Nos castigos considerados moderados, são incluídas atitudes como jogar objetos sobre o adolescente, empurrar ou agarrar, dar tapa ou bofetada e beliscar. Os instrumentos utilizados pelas mães para provocar dor ou lesões físicas são chinelos, sandálias, tamanco, cinto, vassoura e vara de goiabeira.
    Em uma pesquisa realizada por Azevedo e Guerra (1995), os meios de agressão claramente evidenciados são indicados na tabela abaixo.

    Tipos de agressões contra crianças e adolescentes
    ______________________________________________________________________
    Vitimização física de crianças e de adolescentes
    Meios da agressão/idade da vítima 11m 1-2a 3- 4a 5- 6a 7-10 11-13 14-18 Total %
    Socos 6 3 1 4 5 2 13 34 8,2
    Pontapés 1 1 1 - 1 6 6 16 3,9
    Beliscão/empurrão/imobilizar 9 5 2 1 2 2 2 25 5,5
    Esganadura - - - - 1- - 2 3 0,7
    Afogamento/imersão 2 - - 1 - - - 3 0,7
    Agressão com instrumento 2 5 6 11 24 18 21 87 21,0
    Queimaduras 1 2 2 3 3 2 2 15 3,6
    Ingestão forçada de álcool/psicotrópicos - 1 2 1 1 - 1 6 1,4
    Ameaça de morte - - - 1 - - 1 2 0,5
    Negligência 3 2 3 - 2 2 - 12 2,9
    Agressão com arma - 1 - - - 1 5 7 1,7
    Sem informação 15 22 21 19 51 41 38 207 49,9
    Total 39 42 38 41 90 74 91 415
    % 9,4 10,1 9,2 9,9 21,7 17,8 21,9
    100
    __________________________________________________________________________
    Fonte: Distritos policiais, Instituto Médico Legal (IML), Varas de menores, Fórum criminal, Fundação do Bem-estar do Menor (Febem) (apud AZEVEDO; GUERRA, 1995).
    Obs.: Dados relativos à notificação de casos desta natureza em 1991, em São Paulo-SP.


    Para Assis e Deslandes (2005), a angústia expressa por adolescentes vítimas de violência física descrita nessa pesquisa revela que eles convivem
    “cotidianamente com sentimentos de raiva, ambivalência do afeto e do ódio que sentem pelos familiares e a aceitação do fato de que as dores que sentiram foram merecidas, ao reconhecerem que a agressão por eles sofridas esteve respaldada no amor e na necessidade cultural de educá-los. É o aprendizado da violência e da vida acontecendo simultaneamente para essas crianças e adolescentes. E, no entanto, hoje é de domínio público que a violência intrafamiliar potencializa a violência social” (ASSIS; DESLANDES 2005, p. 51).



    Pesquisa aponta que cerca de 70% das crianças e adolescentes envolvidos com bullying (violência física ou psicológica ocorrida repetidas vezes) nas escolas sofrem algum tipo de castigo corporal em casa. Esse é apenas um dos efeitos negativos que a criança pode apresentar ao ser educada com o uso dos castigos físicos.
    Fonte: pesquisa realizada pelo Laboratório de Análise e Prevenção da Violência da Universidade Federal de São Carlos , SP.

    Os castigos físicos e humilhantes contribuem para que outras violações possam ocorrer:
    38% das crianças desaparecidas no Brasil, fogem de casa devido aos conflitos familiares (www.desaparecidos.mj.gov.br);
    É freqüente, em depoimentos de meninos e meninas que estão vivendo na rua, a constatação de que a fuga da casa foi motivada por agressões físicas e/ou sexuais;
    As crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual que não possuem documentação ou apresentam documentação falsa, estavam em conflito com a família, alguns são usuários de droga, não estão na escola, estão buscando ajuda ou estão desaparecidas (pesquisa realiza em 2010 pelo Comitê Nacional de Enfrentamento a Violência Sexual)

    O que estamos ensinando as nossas crianças?
    A resolver suas questões de forma agressiva

    O fenômeno Bullying começa em casa?
    Muitas vezes o fenômeno começa em casa.
    • Os pais, muitas vezes, não questionam suas próprias condutas e valores, eximindo-se da responsabilidade de educadores.
    • O exemplo dentro de casa é fundamental.
    • O ensinamento de ética, solidariedade e respeito ao próximo inicia ainda no berço e se estende para o âmbito escolar, onde as crianças e adolescentes passarão grande parte do seu tempo.
    Fonte: Bullying – Cartilha 2010 – Projeto Justiça nas Escolas, Conselho Nacional de Justiça, 2010.

    Veja ainda informações sobre pequisa recente na área da neuropsiquiatria:
    No campo da psiquiatria, um estudo recente indica que as conseqüências da violência sofrida por crianças extrapolam as seqüelas corporais imediatas, ou de transtornos no plano emocional e comportamental, como as pesquisas citadas. Os estudos comparativos do programa de pesquisa em biopsiquiatria do Hospital McLean em Belmont da Escola de Medicina de Harvard (TEICHER, 2002) identificaram alterações na morfologia e fisiologia das estruturas cerebrais de pessoas que foram vítimas de violências em fases precoces de sua vida. As alterações encontradas por Martin H. Teicher foram:
    a) sintomas semelhantes aos portadores do quadro orgânico de epilepsia do lobo temporal (ELT);
    b) presença de anormalidades nas ondas cerebrais no eletroencefalograma;
    c) disfunções do sistema límbico, com alterações no tamanho das amígdalas e do hipocampo;
    d) diminuição da integração entre os hemisférios direito e esquerdo do cérebro, com a presença de um corpo caloso menor que o normal;
    e) anormalidade na vermis cerebral, com redução do fluxo sanguíneo.
    Com base nesses achados clínicos, Teicher (2002) argumenta que se as violências ocorrem durante a fase crítica da formação do cérebro, quando ele está sendo esculpido pela experiência com o meio externo, o impacto do estresse severo pode deixar marcas indeléveis na sua estrutura e função. Para ele, a violência provoca uma cascata de efeitos moleculares e neurofisiológicos que altera de forma irreversível o desenvolvimento neural. O pesquisador alerta:
    “A sociedade colhe o que planta pela maneira como cria seus filhos. O estresse esculpe o cérebro para que exiba comportamentos anti-sociais, embora adaptativos. Quer o trauma venha na forma psicológica, emocional ou física, ou pela exposição à guerra, fome ou pestilência, o estresse pode disparar uma onda de mudanças hormonais que permanentemente estruturam o cérebro para lidar como o mundo malévolo. Por essa corrente de eventos, a violência e o abuso passam de geração para geração e de uma sociedade para outra. Nossa conclusão é de que vemos a necessidade de fazermos muito mais para garantir que o abuso infantil não aconteça, porque uma vez que essas alterações cerebrais acorrerem, pode não haver retorno” (TEICHER, 2002, p. 7).

    Colaboração: Slides da palestra de Márcia Oliveira – representante da Rede Não Bata Eduque, no VII Seminário Gente Crescente, organizado pelo Centro de Atenção Psicossocial Casa Água Viva da Secretaria Municipal da Saúde de Goiânia, em 22 de setembro de 2011.

    21 de set. de 2011

    Dia Internacional da Paz: tributo a poesia de William Ernst Henley (1849-1903)

    Para comemorar o Dia Internacional da Paz deixo a você
    o poema que inspirou Nelson Mandela



    "Invictus"

    Dentro da noite que me rodeia,
    negra como um poço de lado a lado,
    eu agradeço os deuses que existem
    por minha alma indomável.

    Nas garras cruéis da circunstância
    eu não tremo ou me desespero.
    Sob os duros golpes da sorte
    Minha cabeça sangra, mas não se curva.

    Além deste lugar de raiva e choro
    paira somente o horror das sombras,
    e ainda assim a ameaça do tempo vai me encontrar
    e deve me achar destemido.

    Não me importa se o portão é estreito,
    não me importa o tamanho do castigo.
    Eu sou o dono de meu destino.
    Eu sou o capitão de minha alma.

    William Ernst Henley (1849-1903)


    "Desde la noche que sobre mi se cierne,
    negra como su insondable abismo,
    agradezco a los dioses si existen
    por mi alma invicta.

    Caído en las garras de la circunstancia
    nadie me vio llorar ni pestañear.
    Bajo los golpes del destino
    mi cabeza ensangrentada sigue erguida.

    Más allá de este lugar de lágrimas e ira
    yacen los horrores de la sombra,
    pero la amenaza de los años
    me encuentra, y me encontrará, sin miedo.

    No importa cuán estrecho sea el camino,
    cuán cargada de castigo la sentencia.
    Soy el amo de mi destino;
    soy el capitán de mi alma"



    "Out of the night that covers me
    Black as the pit from pole to pole
    I thank whatever gods may be
    For my unconquerable soul.

    In the fell clutch of circumstance
    I have not winced nor cried aloud
    Under the bludgeonings of chance
    My head is bloody, but unbowed.

    Beyond this place of wrath and tears
    Looms but the horror of the shade,
    And yet the menace of the years
    Finds, and shall find, me unafraid.

    It matters not how strait the gate,
    How charged with punishments the scroll,
    I am the master of my fate
    I am the captain of my soul".

    20 de set. de 2011

    VII Seminário Gente Crescente - “Saúde Mental na Infância: seus Desafios no Contexto da Violência”

     

    Programação do Seminário:

    22 de Setembro de 2011

    Menina soprando

    08:00h Entrega do Material
    08:30h Abertura
    09:15h Conferência: “Bullying e Palmada: Lei e repercussões psicossociais na saúde mental da criança”

    Márcia Oliveira
    Representante da Rede Não Bata Eduque

    Maria Aparecida Alves da Silva
    Núcleo de Prevenção das Violências e Promoção à Saúde (SMS de Goiânia)

    10:30h Debate
    11:00h Coquetel

    Local: Auditório Jaime Câmara

    14:00h Fórum A Voz e a Vez das Crianças
    Tema: “A educação de valores éticos e morais na infância como forma de prevenção da violência”
    Grupo Gwaya - Contadores de História
    Universidade Federal de Goiás
    15:30h Vivência e Elaboração de Documento
    16:30h Apresentação do Fórum A Voz e a Vez das Crianças no Auditório Jaime Câmara

    Local: Auditório Carlos Eurico (público: crianças)

    14:00h Mesa Redonda: “Bullying: Ações e Experiências de Prevenção”

    Cyberbullying
    Evelyn Rocha
    Especialista em educação

    Os Desafios da Escola no Combate ao Bullying
    Mércia Rosana Chavier
    Coordenadora do CMAI (SME)

    Prevenção de Violências
    Orozimbo Júnior
    Membro da equipe do CAPSi Água Viva

    16:00h Debate
    16:30h Apresentação do Fórum A Voz e a Vez das Crianças
    17:00h Apresentação Artística
    17:30h Encerramento

    Local: Auditório Jaime Câmara

    23 de Setembro de 2011

    criança sopronado um dandelion

    08:00h Mesa Redonda: “A Lei da Palmada”

    Relato de Experiências de Familiares
    Hilda da Cunha Ferreira Mata
    Denner Edilton Félix Fontinelli

    A Autoridade dos Pais nos Dias de Hoje
    Ordália Alves Junqueira
    Membro da Escola Brasileira de Psicanálise – DG GO/DF

    A Família como Fator de Proteção
    Vera Morselli
    PUC/Goiás

    A Escola e os Modelos de Prevenção
    Sirley Aparecida de Souza
    Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação - UFG

    11:00h Debate
    11:30h Coquetel

    Local: Auditório Jaime Câmara

    13:30 ás 15:00h Psicopatologia da Infância
    Paulo Verlaine
    Psiquiatra da Infância e Adolescência/Prof.PUC-GO

    15:20 às 15:50h Tratamento e Medicalização
    Edison Arantes Faria Filho

    16:00 às 17:30h Redes Sociais e a Instigação do Suicídio na Infância e Adolescência
    Marcelo Trindade
    Psiquiatra da Infância e Adolescência HC/FMUFG e CAPSi-SMS

    17:30h Encerramento

    Local: Auditório Jaime Câmara

    gentileza rede

    Realização:

    CAPSi Água Viva
    Rua 115, nº 341 – Setor Sul
    Goiânia – Goiás
    gentecrescente@gmail.com
    Telefone: 3524-1660
    www.goiania.go.gov.br /

    19 de set. de 2011

    Dia Internacional da Paz: homenagem a Carla Del Ponte

    O lugar da verdade não é nas sombras

    carla-del-ponte- 1

    A mulher que ousou acreditar na verdade ainda que ela fosse atroz.

    Com o fim da guerra da Bósnia, as mulheres que sobreviveram aos estupros coletivos levaram a público as violências cometidas pelas forças armadas militares e paramilitares sérvias. A própria atrocidade dos relatos sobre os estupros na Bósnia depôs contra essas mulheres. Quem ouvia os testemunhos das mulheres bósnias não conseguia acreditar nas crueldades relatadas.

    A vida secreta das palavras

    A promotora Carla Del Ponte reconheceu como verdadeiros os “incríveis” relatos das vítimas da limpeza étnica promovida pelo ditador Milosevic 

     

    Após o fim da guerra da Croácia (1991) os estupros foram confirmados, no entanto, o seu caráter sistemático, as práticas de enclausuramento e de gravidez forçada só vieram a tona durante a guerra da Bósnia (1992 – 1995).

    Estupro como arma de gerra

    “A guerra na ex-Yuguslávia ensinou ao mundo que o estupro poderia ser não apenas o ‘repouso’ e o butim do guerreiro – o que já é, em si, insuportável –, mas se tornar objeto de um programa sistemático, constituindo-se numa arma de guerra e um elemento de uma estratégia militar desejada, consciente e determinada.

    Assim, a novidade nos estupros de guerra é o fato de essa agressão ser usada politicamente, a sua "estatização", o fato de serem geridos por autoridades militares. ‘Às atrocidades 'habituais' cometidas por todos os exércitos do mundo (violações, torturas, pilhagens...), o regime de Milosevic acrescentou a violação organizada em campos previstos para esse efeito, e de acordo com modalidades precisas.’

    Nos ‘campos de violação’, como ficaram conhecidos os locais onde esse crime era perpetrado de modo sistemático, tratava-se de conservar a mulher violada em vida e de impedi-la de abortar. Elas eram mantidas prisioneiras ali até atingirem os seis meses de gravidez.

    Os torturadores, voluntários ou forçados, de Milosevic aplicaram escrupulosamente esse princípio. Tratava-se, através da violação política, não somente ‘serbacisar’ o sangue não-sérvio, mas também destruir a identidade e a honra das populações visadas sujando o que elas tinham como o mais caro. ‘O violador diz à mulher bósnia que viola: 'Terás uma criança sérvia’. Como os fascistas espanhóis que pichavam sobre os muros: ‘Morreremos talvez mas as vossas mulheres darão nascimento a crianças fascistas!’. Num caso como no outro, o estupro é uma mensagem dos vencedores aos vencidos”.

    Fonte: Guerra de imagens e imagens da guerra: estupro e sacrifício na Guerra do Iraque - Carmen Rial / Universidade Federal de Santa Catarina.

    Estupro em massa com a finalidade de limpeza étnica:

    Entre 20.000 a 44.000 mulheres foram sistematicamente violentadas pelas forças sérvias. Estes atos foram realizados no leste da Bósnia, durante os massacres de Foca e em Grbavica, durante o cerco de Sarajevo. Em menor escala, há evidências de que unidades bósnias também realizaram esta prática com as mulheres sérvias em Kamenica, Rogatica, Kukavice, Milici, Klisa, Zvornik e outras cidades.

     

    Corte de Haya

    Pela força de muitas mulheres que lutaram para que a sua verdade fosse reconhecida, em 27 de junho de 1996, o Tribunal Penal Internacional incriminou, pela primeira vez, o estupro como crime contra a humanidade.

     

    Carla del Ponte 3

    Em maio de 2005, a destemida procuradora Carla del Ponte exibiu aos juízes do tribunal um filme sobre os massacres em Srebrenica. Um fotógrafo amador fez a histórica filmagem: as mulheres, várias estupradas, eram expulsas de suas casas, jogadas em caminhões e obrigadas a deixar a região. As crianças, os adolescentes e os adultos do sexo masculino foram executados depois de amarrados com as mãos para trás.

    Carla Del Ponte acusa

    No Tribunal Penal Internacional a procuradora Carla del Ponte acusa Milosevic e Mladic de autorizar, para a criação da "Grande Sérvia", uma "limpeza étnica" nos Balcãs”.

     

    carla_del_ponte_kosovo_caccia

    Entre os crimes cometidos sob o comando de Milosevic e de Mladic estão o massacre de 8 mil meninos e homens mulçumanos em Srebrenica, os estupros sistemáticos de milhares de mulheres bósnias e tráfico de órgãos humanos.

     

    Os filmes A vida secreta das palavras e Última guerra (Savior) trazem à tona as violências sofridas pelas mulheres na guerra da sérvia.

    Lírico, belo… Um dos melhores filmes que assistir nos últimos tempos. Imperdível!!!

     

    Um filme, que sem omitir o sofrimento dilacerante de seus personagens centrais, enaltece a esperança no humano.

    Veja mais

    MASSACRE DE SREBRENICA - Notícias, fotos e vídeos sobre "Massacre de Srebrenica"

    GENOCÍDIO. VEJA imagens exibidas no Tribunal Penal Internacional, no processo contra Milosevic

    Símbolo da limpeza étnica, Mladic liderou maior atrocidade na Europa desde 2ª Guerra

    Saiba o que foi o massacre de Srebrenica, o 'triunfo do mal'

    TPI condena o mais alto responsável militar por crimes na ex-Jugoslávia

    O antigo chefe de Estado-Maior do Exército jusgoslavo foi condenado a 27 anos de prisão, por crimes de guerra.

    Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas decepciona e tromba com o Tribunal Penal Internacional.

    Vítimas de Srebrenica versus ONU

    Cerco a Sarajevo e Srebrenica são invenções, diz Karadzic

    ‘Museu virtual' sobre cerco de Sarajevo é apresentado na internet

    Vítimas ignoradas das guerras

    Referência de leitura:

    NAHOUM-GRAPPE, Véronique. Da dimensão sexual de uma guerra: os estupros em série como arma na ex-Iugoslávia, 1991 – 1995. In: SCHPUN, Mônica Raisa. Masculinidades. São Paulo: Boitempo Editorial, Santa Cruz do Sul, Eunise, 2004.