10 de dez. de 2011

Que música revela a sua essência?

Amig@ leit@r,

Para encantar o seu dia de domingo, deixo aqui algumas reflexões de Spinoza e uma pequena cena do tocante filme Johnny e June que ilustra a visão desse filósofo.

Para Baruch de Spinoza (Ética, 1677).

“Cada ser humano, portanto, é uma parte relacionada de uma unidade divina. Quando morre um indivíduo, sua alma é como uma gota d’água que torna ao oceano, simples nota que se funde no esplendor de uma sinfonia (...)” (SPINOZA, apud DURANT, p.419, 2003).

De acordo com esse filósofo, a visão de que o divino está em todos e em tudo, tem profundas implicações práticas e éticas. Pois se toda a humanidade é um corpo só e uma só alma, segue-se que nenhum indivíduo pode ferir o outro sem ferir a si mesmo. Se infligirdes uma injúria ao vosso vizinho é o mesmo que cortardes o próprio dedo ou arrancardes os próprios olhos. A felicidade de cada um de nós depende do bem-estar de todo o corpo da humanidade, pois a raça humana, como todo ser humano, é um organismo vivo e unido.



Nesta visão filosófica não cabe a idéia de pecado ou castigo, mas de responsabilidade e cuidado com a vida e com o outro. Espinoza dizia que se o homem evita alguma coisa baseando em que ela é nociva, ele age como um escravo. Segundo Espinoza, só é livre o homem que evita essa mesma coisa porque outra coisa é melhor.

Nesse sentido, o verdadeiro comportamento moral, ético, não se dá por medo de punições, sejam elas humanas ou sobrenaturais, mas sim por um comedimento interno, ou melhor, naquilo que conduz o homem a um ato bom, belo e justo.


Spinoza diz: “O maior bem é o conhecimento da união do espírito com o conjunto da natureza”. Se o mundo não é feito para vós, sedes felizes pensando que fostes feitos para o mundo. Sois uma página importante do livro da vida. Sem vós seria incompleto.


Sob essa perspectiva, o que realmente importa, em nossa efêmera passagem pela vida, são as marcas que deixamos no mundo e nos outros.


A cena a seguir ilustra um pouco da proposta filosófica de Spinoza.




A cena retrata o primeiro teste feito com uma gravadora pela banda de Cash. Ensaiadinhos e bem comportados, vocalista e instrumentistas tocam uma canção gospel. Passado poucos segundos, o dono da gravadora interrompe a banda, e decorre dessa interrupção o seguinte diálogo:

- Detesto interromper, mas vocês tocam outra coisa? Não consigo mais vender músicas gospel.

Indignado Johnny responde:

- Então é isso?

- Não gravo material que não possa vender Sr. Cash. E gospel desse feito não vende.

- É o gospel ou meu jeito de cantar?

- Os dois.

- O que há de errado no meu jeito de cantar?

- Não acredito em você.

- Está dizendo que não acredito em Deus? (...) Tocamos um minuto e acha que não acredito em Deus.

- Sabe exatamente do que estou falando. Já ouvimos essa canção... umas cem vezes, desse jeito que você cantou.

- você não deixou a gentes terminar direito.

- Terminar... direito? Certo, então. “Vamos terminar direito”. Se um caminhão te atropelasse e estivesse morrendo, caído na sarjeta e tivesse de cantar uma música... a qual lembrassem de você antes de virar pó, uma que mostrasse a Deus o que achou de sua vida... seu tempo na terra, uma música que te resumisse... é essa música que cantaria?A mesma canção de Jimmie Davis que ouvimos no rádio todo o dia? Sobre sua “paz” interior, como é real e como vai cantar “alto”. Ou cantaria algo diferente?Algo verdadeiro? Algo que você sentiu? Porque é esse o tipo de música que as pessoas querem ouvir. Esse é o tipo de música que salva os outros de verdade. Não tem nada a ver com crer em Deus. Te, a ver com crer em si mesmo.

A partir desta provocação, Johnny Cash canta, sem ter ensaiado com seu grupo a música que compôs quando era soldado no exército americano: Folson Prison. Encantado com o ritmo e a originalidade das canções de Cash o dono da gravadora não titubeia, grava o primeiro disco de Cash.



Abaixo Johnny Cash interpretando duas canções do U2









Homenagem do U2 ao Johnny Cash





Vídeo legendado em português
Vídeo con subititulos en español

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